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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Famosos sem Rosto


Ser famoso sem mostrar o rosto, ser conhecido apenas por causa da voz, essa é a rotina dos locutores de rádio. Presos dentro de um estúdio, estes profissionais usam de muita técnica para passar a notícia ao ouvinte.

Como lidar com essa fama? Um desafio que não é tão simples assim. Alguns locutores adoram este anonimato, já outros gostariam de serem reconhecidos nas ruas. Donizete Vieira Pereira, 31, que usa o nome artístico de Doni Vieira, das rádios Nativa FM, 105, Alpha e do canal Band Sports sempre sonhou com o estrelato, “eu gostaria de ser famoso, seria muito gratificante ser reconhecido nas ruas”. Doni Vieira também lembra de um caso engraçado, “fui ser jurado em um concurso para duplas sertanejas, como ninguém conhecia meu rosto fiquei tranquilo. Dei algumas notas baixas e quando perceberam que eu era o locutor da rádio tentaram me agredir. Hoje essa dupla é sucesso em todo Brasil, mas não me arrependo, na época eles cantavam mal mesmo”.

Outro tipo de locução que chama a atenção e cria uma legião de fãs, é a esportiva. O público gosta de imaginar como é aquele sujeito que traz toda a emoção do futebol para dentro do rádio.

Pelo lado do ouvinte, o locutor de rádio é uma espécie de ídolo, e claro, cada pessoa cria em sua imaginação o rosto de quem está falando. A analista de comunicação Gláucia Santiago, 24, é uma fã alucinada, como ela mesma diz, por rádio, e sempre gostou de imaginar os donos das vozes. “Eu cresci ouvindo rádio, e sempre amei as transmissões esportivas. Tinha muita vontade de conhecer esses profissionais que sempre me fizeram sonhar. Pra mim, o locutor de rádio é um ídolo, um astro”. Gláucia considera esses locutores um amigo, “eles fazem parte da minha vida, são como pessoas próximas”.

Ser famoso no rádio não é privilegio dos homens, as locutoras também fazem grande sucesso. Uma voz aveludada e até mesmo sensual faz a imaginação de quem está ouvindo ir longe. A apresentadora Cláudia Martthins, 43, que já passou por rádios como a extinta Cidade e Band FM, hoje faz sucesso na Ótima FM, da cidade de Pindamonhangaba, “muitos ouvintes pensam que sou loira e de olhos azuis, é até engraçado quando alguém me conhece, fica um clima no ar, pois sou morena e de cabelo cacheado”.

Magaly Prado, doutora em estudos pós-graduados em comunicação da PUC e professora universitária de rádio, é contra esta paixão das pessoas e qualquer outro tipo manifestação dos fãs, “eu acho uma bobagem qualquer tipo de fanatismo, o interessante é admirar alguém, gostar do trabalho. O locutor não faz nada de especial, o ouvinte que cria essa imagem de ídolo. Eles são pessoas carentes, e transferem todo amor que não tem para os ídolos”.



(por Márcio Torvano)

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